O inglês Nicholas Rodney Drake, que hoje é referência na música folk com suas composições belas e melancólicas, na verdade teve uma história de vida triste e sem qualquer reconhecimento. Sua curta discografia, de apenas três albuns - Five leaves left, Bryter Layter e Pink Moon - não teve a receptividade que sua genialidade merecia.
Portador de depressão clínica, Nick Drake jogava em suas músicas todas as angústias que os remédios não davam jeito. O resultado são canções belas demais para caber em qualquer peito, qualquer mente - e talvez por isso a geração anos 70, solar, floral, cheia de perspectivas, não tenha digerido muito bem isso.
Nick Drake não possui quase nenhuma foto da época em que gravou os discos, salvo as de divulgação e a do próprio encarte, que são muito poucas e não há material documentado em vídeo também. Ao longo dos 3 discos e de uma coletânea póstuma de inéditas, é possível acompanhar a mente de Drake ruindo. Um elegante rapaz loiro e alto nas fotos do primeiro disco dá, lentamente, lugar a uma figura soturna, mal trapilha, de sapatos gastos e ternos desarmados, fotografada de costas e cabisbaixo, ou simplesmente escondido na iluminação das fotos. Black Eyed Dog, uma das músicas póstumas, gravada 2 anos antes de sua morte é comovente, dada a sua simplicidade em arranjo e fragilidade na voz ligeiramente torpe de Nick Drake, denunciando seu estado mental crítico. É, possívelmente, a letra mais menos hermética de Nick Drake, ainda que prestidigitação pessoal me faça crer que há algo bem grande por trás, como em todas as lendas.
O elemento mais marcante iniciamente, é a tremenda habilidade de Drake no violão, que o aprendeu com um amigo no colégio, a extrema melancolia das faixas calmas e que parecem respirar lentamente e tremenda hermeticidade das letras de Drake, que mais pareciam segredos de uma história real e confusa que acontecia por trás delas.
Minha obra preferida do Nick Drake é justamente o último disco, Pink Moon, todo feito apenas em violão (exceção da faixa-título, que tem também um piano, tocado por ele). Na primeira vez em que ouvi essas músicas, não pude tirar da cabeça a beleza crua de tudo aquilo, a poderosa força que invadia meu coração e fazia com que ele ficasse três vezes mais pesado (mais ou menos como o Grinch no Natal). Era tudo lindo demais para ser suportado, e sucumbi. Mas era um desabafo bom, que me fez bem, e eu quis ouvir mais. Quando escutei seu álbum mais trabalhado, Bryter Layter, me deparei com a maravilha que é Northern Sky e desejei muito que aquela música tivesse sido feita para mim.
Falar sobre a música de Nick Drake é tentar explicar o que é Picasso, Van Gogh, Dali - não tem explicação, apenas coração. Ouçam e tentem me compreender:
Links para download:
você disse tudo !
ResponderExcluirPerfeito Nick Drake