Dentre aquelas gratas surpresas que apareceram nesse ano aponto o Twin Shadow, nome artístico do americano George Lewis Jr, o dito cujo é maleável e não faz jus a um valor unitário e prefere seguir aonde o vento sopra a seu favor, conscientemente é claro, e onde ele aterrissa tira uma casquinha daqui outra dali e assim foi criando seu debut, Forget, que pode ser designado como uma verdadeira miscelânea musical, porém sem apelar a extremos com George situando-se feito um residente forasteiro em estilos circunvizinhos na sua empreitada brilhante.
O Twin Shadow caracterizasse pela sua versatilidade em lidar com sons de varias estirpes e encaixá-los perfeitamente revelando afinidade ou impondo discrepâncias entre eles no seu disco. Sujeito de bigode avantajado revela desde um ambiente ruidoso vindo de seu lo-fi caseiro, músicas que evocam alguns passos modestos na pista até a ascendência do obscuro post-punk de outrora e seu criado new wave. O cantor e instrumentista manuseia suas máquinas com praticidade e aptidão traçando os elementos criados por fiapos isolados ou enlaçados que são desenrolados por nós facilmente, ou seja, a abstração é quase que instantânea e multi saborosa.
Assim, mesmo o disco sendo permeado pela mesma estética geral, repleta de nostalgia, apresenta variação. Algumas canções têm ritmo rápido, como as excelentes "I Can't Wait" e "Shooting Holes". Essa última começa com sintetizador até se desenvolver em uma seção rítmica cheia de funk. Outras músicas são mais íntimas e oníricas, como a faixa-título. Em diversos momentos percebemos também que se trata de um disco com muito rock n' roll devido aos seus longos refrões, baixos explosivos e solos escaldantes de guitarra, como em "When We're Dancing" e "For Now".
Forget foi o primeiro disco lançado pela Terrible Records, do produtor do álbum, e baixista do Grizzly Bear, Chris Taylor. Limitações financeiras resultaram em um trabalho lo-fi, e a eficiente produção dispôs cuidadosamente a paleta limitada de forma limpa e cintilante - o ritmo familiar soa fresco.
Na verdade, o passado é o foco de todo o álbum. As músicas são sobre as paixões proibidas, os flertes nas pistas e os relacionamentos sérios vividos por Lewis. Ele se revelou um sólido compositor, com letras inteligentes e poéticas. Em "Castles in the Snow", por exemplo, ele canta "You're my favorite daydream / I'm your famous nightmare".
O álbum é cativante. A complexidade e profundidade de sua narrativa, aliada a maneira expressiva como George Lewis Jr. canta, nos absorve. Através de canções honestas e diretas, nos tornamos nostálgicos de memórias que não nos pertencem, mas que retratam situações cotidianas e sentimentos universais.
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